Política
As (poucas) cartas de Dilma: negociar um plebiscito e forçar julgamento durante Jogos
Enquanto o processo de impeachment de Dilma Rousseff avança no Senado rumo à votação final, a presidenta afastada tem poucas cartas na manga para tentar um último sprint para detê-lo.
nquanto o processo de impeachment de Dilma Rousseff avança no Senado rumo à votação final, a presidenta afastada tem poucas cartas na manga para tentar um último sprint para detê-lo. Rousseff poderia ela mesma comparecer na última quarta-feira na comissão especial do Senado que a investiga, mas mesmo fortalecida por uma perícia da Casa que diluiu ainda mais as acusações de que ela cometeu crime fiscal, ela decidiu não comparecer.
Seu advogado, José Eduardo Cardozo, lerá seu documento de defesa tendo como pano de fundo as intensas negociações de seus apoiadores para conseguir votos para salvá-la em troca do compromisso de que ela lutaria para abrir caminho a novas eleições caso reassuma. A estratégia para angariar apoio também inclui tentar encurtar prazos para que o julgamento final pelos senadores aconteça durante os Jogos Olímpicos, atraindo o máximo de escrutínio internacional.
Em linhas gerais, a defesa dirá que a presidenta não cometeu crimes de responsabilidade e que o processo não foi promovido para punir qualquer situação ilícita. “Foi feito para afastar a presidenta eleita por razões políticas, e algumas bastante sinistras”, diz Cardozo insistentemente. Cardozo ostentará como trunfo o resultado da perícia feita por técnicos do Senado de que a presidenta não foi a responsável por manobras fiscais para maquiar rombos nas contas públicas e apresentará a tese de que os decretos que estouravam o orçamento não foram irregulares cometidas diretamente por ela.
Inicialmente, Rousseff era esperada para fazer sua própria defesa, mas o cálculo da defesa mudou. “Essa comissão é de cartas marcadas. A presidenta vir aqui seria um desgaste desnecessário. Não vamos reverter o jogo na comissão, a nossa principal luta é no plenário”, disse um dos membros da tropa de choque da petista, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). A comissão especial do impeachment escuta há semanas defesa e acusação para só então ter um relatório final que será levado ao conjunto dos senadores que decidirão se ela deve perder definitivamente o mandato do qual está afastada desde 12 de maio. Para se salvar do impeachment, a petista precisa dos votos de 28 dos 81 senadores.